Seu festejo é antigo nesta região de Minas Gerais. SPIX & MARTIUS o viram em Lagoa Dourada no século XIX (1817-1820): “algumas barracas ofereciam à venda chitas, tecidos de algodão, chapéus, ferramentas, pólvora, etc; os negros ali presentes formavam grupos e faziam ressoar a sua música plangente, num instrumento de madeira com fios de seda esticados, acompanhando-a com sons estridentes da fricção de dois paus. Pouco a pouco, foram chegando os vizinhos, montados em bestas, para assistir à missa de festa; eles mais pareciam empenhados na compra de mercadorias baratas para as necessidades domésticas, do que tomar parte no regozijo geral.”
BURTON, em 1867, acerca da mesma cidade, anotou: “os habitantes reúnem-se nas cidades paroquiais, vindos de todas as direções; cada lugar tem sua fogueira, desfile de bandas e as pessoas ficam sentadas toda a noite e hasteiam, alegremente, o “mastro de São João” (...) A animada festa é mais agradável na roça do que na cidade, onde o bimbalhar dos sinos e as explosões das girândulas começam antes do amanhecer [alvorada festiva]. A gente fica surdo com os ridículos foguetes, e os moleques, isto é, os negrinhos, tornaram as ruas, supinamente desagradáveis, lançando buscapés, que fazem tudo o que podem para queimar as pernas das pessoas.” Ainda este autor vira no mesmo ano, um mastro junino na Serra da Mantiqueira, no Caminho Novo, próximo a Barbacena: “Retiro é um grupo de palhoças habitadas por negros, que tinham hasteado um mastro de São João, e um santo também negro.”
Vale mencionar também a festa de São João na Capela de Nossa Senhora do Pilar, no Elvas (Tiradentes), popularmente conhecida por “Capela do Padre Gaspar” ou "Igreja do Gaspar".
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Estátua de São João Batista, São João del-Rei. |
Sua festa outrora marcou época, com os festejos litúrgicos na dita Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, onde a orquestra tocava numa missa solene e os festejos profanos se desenvolviam no Largo do Rosário a princípio. Depois passaram para o Largo Tamandaré (atual Praça Severiano de Resende). Em 1918 já estavam nesse largo, atestam as páginas d'A Tribuna. Até a década de 1980, tornaram-se afamadíssimos os encontros de quadrilhas juninas, cada qual de um bairro diferente, que se orgulhavam e esmeravam em bem montar seus grupos. A festa era o maior incentivo. Destacava-se pela organização atenciosa dessa festa o sr. Djalma Assis. Finda esta, as quadrilhas se dissolveram na maior parte.
É destaque hoje seu festejo realizado na tradicional Rua São João (Bairro Tijuco), encabeçado pelos moradores da comunidade. Uma nota de destaque é a alvorada festiva, que inclui uma tocata da Banda Municipal Santa Cecília, às 6 horas.
*Texto e foto (17/06/2014): Ulisses Passarelli
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