Teria sido construído por um padre peregrino, que andando mundo afora em busca de retiro espiritual, guiava uma procissão que trazia a grande imagem da Trindade Divina. Ao passar naquela colina, acima do Morro da Mandioca, os seus carregadores em penitência já não puderam mais com peso da imagem, nem mesmo descansando ou buscando reforços de outros braços para reerguer o andor, sendo isto interpretado como um sinal divino da escolha do lugar a se construir sua morada.
Porém, os dois irmãos do dito padre, igualmente sacerdotes, vinham juntos na mesma jornada, conduzindo outras imagens. Resolveram deixar o pessoal ali com a SS.Trindade e prosseguiram com seus respectivos acompanhantes.
Um deles, chamado Padre Gaspar, foi para as bandas do Elvas, onde, na paragem adequada fez erigir uma igreja em honra à Virgem do Pilar e por fim o terceiro irmão achou seu ponto certo na morraria de Prados, fazendo a Capela do Livramento.
Dispostas num triângulo imaginário, cada igrejinha está num vértice. Com tempo aberto, de boa visibilidade, sem o embaçamento das brumas da manhã, estando-se numa delas se avista as outras duas e assim com qualquer uma delas.
Tal lenda busca de fato sacralizar ainda mais o ambiente já bastante religioso desse triângulo da fé e em verdade as três igrejas são ainda hoje importantes pontos de romaria e significativos exemplares da arte religiosa mineira.
Longe porém de ser o primeiro registro dessa lenda, é mister ressaltar que já era conhecida em 1968 uma versão da mesma, transcrita por Lacyr Schettino, sob o título de “As Três Igrejas num Triângulo”, e ainda, outra fonte também a registrou, sob o nome de “As Três Igrejas”, nas palavras competentes do folclorista Américo Pellegrini, no ano 2000. Com isto fica claro a popularidade do tema, cujo teor é o mesmo nas três versões, guardados naturalmente os detalhes estilísticos de cada uma delas.
Todavia, outra lenda que colhi naquela cidade também em 2004, nas imediações da Capela de Santo Antônio do Canjica, de uma senhora do povo, parece-me que zeladora da mesma, que já não posso identificar exatamente quem é, contraria a primeira aqui narrada, senão vejamos...
A imagem da SS.Trindade apareceu misteriosamente no mato, em pleno cerrado, no Morro da Mandioca, sendo achada por uma criança, que correu para avisar sua mãe. Voltou ao local acompanhada pela progenitora, mas não encontrou a imagem desta vez.
No outro dia a menina impressionada voltou àquele mato e reencontrou a imagem nas imediações. A mãe foi levada lá, mas, de novo, não viu a imagem.
Assim se repetiu algumas vezes, sempre um pouco aquém da aparição anterior, até que certa ocasião mãe e filha surpreenderam a imagem juntas, no ponto onde hoje está sua igreja. E ela não sumiu mais.A imagem escolheu o seu próprio lugar definitivo. Os homens foram chamados e naquele ponto construíram seu templo.
Lá, em jubileu, acorrem os fiéis pressurosos a agradecer e clamar auxílio, o ano todo, a mais de dois séculos, mas sobretudo no domingo próprio, o primeiro após cada Pentecostes.
Velário da Santíssima (SS.) Trindade, Tiradentes/MG, no dia maior de seu jubileu em 2009. |
Notas e Créditos
** Já se encontrava pronta esta postagem quando encontrei alguns dados sobre a ereção do templo em questão que julguei úteis como informação geral:
Nenhum comentário:
Postar um comentário