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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Na hora da Ave Maria

As senhoras católicas desse interior imenso guardam ainda consigo o velho costume da prece às "seis da tarde" (18 horas). É um compromisso sagrado. É o horário limite entre o dia e a noite. Hora da Ave-Maria, quando se deve fechar a casa para impedir a entrada do “Ar da Noite”, que traz as forças malignas para dentro de casa. É horário consagrado a Nossa Senhora e às almas. 

Nossa população costuma rezar neste momento a Ave-Maria e o “Angelus Domini” ou o “Regina Coeli”. É costume ligar o aparelho de rádio neste momento para ouvir o canto da Ave Maria de Gounod. Na beirada da cozinha à lenha, sentado na varanda, ou na borda da cama, escutar o velho rádio de pilhas nessa hora é algo inquebrantável. Nem que seja o nome do pai se deve fazer. É hora aberta. O corpo está vulnerável, a residência também. A prece ajuda a fechar e busca as proteções divinas. 

É inegável a força e a expressão devocional à Virgem Maria na região das Vertentes. Nos primórdios da colonização, quando se intencionou construir a primeira igreja no núcleo que daria mais tarde origem a São João del-Rei, a escolha recaiu sobre Nossa Senhora do Pilar. Isto foi em 1703, no Porto Real da Passagem, hoje sito no perímetro do grande bairro de Matosinhos. 


Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli

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