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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Ipês colorem o inverno seco

Aqui nas Vertentes, como aliás em muitas outras regiões brasileiras, esta é a época de floração dos ipês. Coincidem com o nosso inverno, frio e seco. Quando os cerrados ganham tom de palha pela secura do tempo; quando as matas esmaecem a intensidade de seu verde, então os ipês colorem tudo com uma florada que muda por completo a aridez da paisagem. 

De longe se avista a árvore florida: amarela, roxa (rosa, lilás...), branca - cores dominantes dos grupos de plantas. A paisagem de inverno ganha sua marca na zona rural em plena natureza e na urbana ornamentando jardins particulares, parques e praças públicas. O predomínio é o seguinte: o ipê-roxo floresce primeiro, em julho; o amarelo em agosto e o branco em setembro. Entre plantas que adiantam e outras que atrasam, por vezes os vemos floridos juntos. 

O nome ipê tem procedência indígena, de base tupi, significando "árvore cascuda" (y-pé ou yb-pé). A madeira é valorizada pela grande rigidez e resistência à putrefação e ao ataque de insetos xilófagos, tendo usos diversos em marcenaria fina, produção de dormentes, carroçaria, tacos, moirões, cabos para ferramentas, construção civil, postes, esteios, etc. Alguns agrupamentos indígenas a usavam para produção de arcos para suas flechas daí o sinônimo que corre Brasil afora e sobretudo no Nordeste, "pau d'arco". 

O povo emprega a madeira em muitos usos, até para peças de carros de boi. A casca do ipê-roxo tem fama medicinal na cultura popular, fervidas as lascas e tomada como expectorante e antitussígeno. O ipê-amarelo do cerrado (ipê-caraíba), mais baixo e tortuoso, de flores de tonalidade intensa, é tido como árvore sagrada, votiva dos caboclos, procurada para aos seus pés receber oferendas, firmezas e preces. 

Os ipês são árvores bignoniáceas, reunidas sobretudo no gênero Handroanthus e anteriormente no Tabebuia, com muitas espécies. Algumas estão em outros gêneros como Tecoma e Zeyheria. Ideais para paisagismo e reflorestamento seu valor é de grande importância no equilíbrio ecológico para atrair abelhas e beija-flores, embelezar o ambiente e hospedar epífitas em seu tronco, tais como bromélias e orquídeas servindo de suporte à fixação de suas raízes. 

1- Ipê-roxo. Avenida Presidente Tancredo Neves,
Centro, São João del-Rei/MG. 29/06/2016. 

2- Ipê-amarelo. Povoado das Bandeirinhas
(São João del-Rei/MG). 22/08/2013. 

3- Ipê-branco. Adro da Igreja de São Francisco de Assis,
Centro, São João del-Rei. 04/09/2015. 

4- Ornamentação do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em
São João del-Rei durante as comemorações do jubileu do padroeiro.
Montagem manual em papel-crepon amarelo sobre um galho seco, imitando um ipê.
Esta ornamentação estava nos quatro cantos do altar-mor. 14/09/2014. 

5- Detalhe tomado do ipê artesanal citado na foto anterior. 

Referências Bibliográficas

SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na Geografia Nacional. Introdução e notas de Frederico G. Edelweiss. 5.ed. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1987. 359p. p.251

SANTOS, Eurico. Nossas Madeiras. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987. Coleção Vis Mea in Labore, v.7. 313p.il. p. p.156- 161. 

Referências na Internet

Ipê. Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ip%C3%AA (acesso em 03/08/2016, 17:25h)

Tabebuia. Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabebuia (acesso em 03/08/2016, 17:25h)

Notas e Créditos

* Texto e fotografias 1, 2, 3, 4: Ulisses Passarelli
** Fotografia 5: Iago C.S. Passarelli

Revisado em 20 de março de 2025

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