Meia-foda – pejorativo: baixinho.
Pessoa de pequena estatura, sem ser propriamente anão.
Miquenta - cheia de luxo, de cerimônias, rapapés, etiquetas.
Molhaceira – umidade, lugar molhado
demais.
Na panela das almas – diz-se do que foi
adquirido por um preço muito abaixo do que realmente vale; baratíssimo. “Comprou
na panela das almas”. Talvez seja referência ao vasilhame que outrora se
deixava nos cruzeiros para por oferendas em
sufrágio das almas. Referência a dinheiro miúdo, muito trocado.
Não dá ponto sem nó – expressão que
indica que uma ação foi meticulosamente planejada para resultar em lucro,
benefício, promoção.
Não está no gibi –indicativo do que é
incalculável, inimaginável, de alta expressão. Denota espanto e admiração.
Não sei por que cargas d’água – de
maneira desconhecida, de forma incógnita, por motivo não informado. “Não sei por que cargas d’água, estava tudo
planejado mas deu errado...”
Nem a malho! - de jeito algum, jamais,
de maneira nenhuma. Negativa absoluta. Malho é um tipo de marreta usada pelos
ferreiro para bater o ferro em brasa sobre a bigorna.
Nem que a vaca tussa! – idem.
Nó cego – “picareta”, “morcego”.
Sujeito que não assume seus atos. Pessoa escorregadia aos compromissos.
Indivíduo não confiável. “Dar nó”:
faltar a uma obrigação ou compromisso. Voltar atrás com a palavra, faltar com um
acordo verbal; não ir ao serviço.
No cu do cachorro – muito escondido,
oculto, onde ninguém acha, sumido, desaparecido. “Sumiu com a chave. Enfiou no cu do cachorro.”
No cu do zé esteves – idem.
No cu do zebedeu – ibidem.
Novinho em folha – novíssimo, muito
novo, restaurado, reformado. “O carro
voltou novinho em folha da oficina”.
Olho de peixe morto – “olho caído”, olhar morteiro; aparência de
sonso; cara de sonolento sem de fato estar com sono. Ptose palpebral.
Onti! – desconjuro: de jeito nenhum;
para longe de mim; não quero jamais. “não
vou lá... onti!”
Outros quinhentos! – Exclamação de
melhoras; indicação de excelência. Ótimo. “Depois
da pintura nova, a casa ficou outros quinhentos!”
Ovo de Colombo – solução inusitada para
um fato que parecia indissolúvel. Resolução simples para um caso difícil.
Diz-se que Cristóvão Colombo pôs fim a uma disputa na qual tentavam colocar um
ovo em pé mas sempre desequilibrava e caía. Ele dizendo que era fácil, assumiu
a questão e a resolveu, batendo na mesa o ovo para que quebrasse uma parte da
casca e assim perdendo o arredondamento natural, parou na vertical.
Panaca – idiota, bobalhão, palerma.
Papa-anjo – pejorativo: aquele (a) que
se relaciona com pessoas muito mais jovens. Diz-se de quando a disparidade de
idades num namoro é grande demais.
Papa-defunto – pejorativo: adepto dos
sepultamentos e velórios. Aquele que está presente a muitos enterramentos.
Papa-hóstia – pejorativo: beato. Pessoa
que vai demais à igreja. Quem é muito afeito ao sagrado, mas muitas vezes é
renegado na sociedade, porque é cheio de iniquidades.
Par de jarrinha – casal ou dupla de
hábitos exdrúxulos, pessoas de costumes inusitados, que de imediato chamam a
atenção sobre si pelo jeito diferente de ser.
Passar o carro na frente dos bois –
adiantar demais a ordem natural das coisas, atropelar o andamento de um caso,
excluir etapas, passar uma fase adiante da outra indevidamente.
Patati, patatá – “conversa fiada”, “conversa pra boi dormir”. Assunto sem proveito,
diálogo de pouca consistência, palavras dispensáveis. “Veio falar comigo: patati-patatá... e não sei o quê... não gostei da
prosa dele não”.
Pau de virar tripa – pessoa muito
magra. Alusão pejorativa a uma vara que se usa para facilitar a limpeza das
tripas (intestinos) do porco abatido, que serão usadas para confecção de
embutidos (linguiça, chouriço). A vara, longa e fina, ajuda a ação de virar do
avesso a tripa para melhor limpeza dos resíduos.
Pau pra toda obra – multisserviço; o
que serve para múltiplas funções. Aquele que domina várias tarefas.
Pé de serra – miserável. Fora dos
padrões sociais urbanos.
Pé rapado – pobre, sem propriedades,
sem posses. “Não casa com ele minha filha, que é
um pé rapado, não tem aonde cair morto...”
Pega pra capar – “tendepá”. Correria,
confusão, discussão, desordem, tumulto, algaravia. “A festa terminou num pega pra capar, aquela gritaiada...”
Pegar com a boca na botija – pegar em
flagrante. Ver o fato no momento que ele está acontecendo.
Pela madrugada! – expressão sempre
exclamativa, indicando espanto, admiração, indignação. “Descobriram mais uma fraude... pela madrugada!” Não quer dizer que
foi descoberto de madrugada.
Pendão das almas – indivíduo muito
magro e alto, “dispinguelado”. Ver:
pinguela.
Perder a tiana – perder a paciência por
completo, alterar-se, sem calma, esbravejar. A pronúncia é “tchiana”.
Periquita – “p’riquita”. Termo popular de linguagem chula, usado como sinônimo
de vagina. “Soltar a periquita”: ter
relações sexuais com vários homens. “Periquitinha”:
adolescente, moça bem jovem. Neste caso o termo não tem nenhuma conotação
sexual ou pejorativa. É antes um apelido carinhoso, aliás, em ocaso.
Pernas pra quem tem! – “pernas pra que(m) te quero!” Expressão
usada para indicar fuga. Ato de correr muito para escapar. “Viu uma onça no mato, pernas pra quem tem!” Fuga espavorida.
Perrengue – doente. “Perrengado” ou
“aperrengado”: adoentado, não muito bem de saúde, convalescente, prostrado, com
fraqueza física. “Perrengagem”: o que traz malefício para a saúde: “adoeceu
porque caçou perrengagem na chuva; ficou todo molhado...”
Petecar – atrapalhar, estragar,
desordenar, dar errado. “Eh, meu amigo...
nosso plano petecou tudo!”.
Picareta – além de ferramenta de
escavações, picareta é, em sentido pejorativo, o indivíduo que não cumpre bem
as obrigações do trabalho, “embrulhão”,
“morcego”; aquele que falta ao serviço, chega tarde, sai cedo. Também é
trapaceiro, desonesto, salafrário, enganador.
Picoco – “Cucuruto de terra”, “murundum”, “montinho”. Pequena elevação bem
localizada e delimitada de solo, destacando na planura. “Veio correndo e tropeçou num picoco”. Não confundir com “pitoco”,
que tem o sentido de pequeno pedaço.
Picuinha – implicância, impor
dificuldades desnecessárias, burocratizar. “Não
resolveu o caso porque ele tá criando picuinha.”
Pindaíba – 1- nome de algumas árvores
anonáceas do sudeste e sul do Brasil, consideradas ameaçadas. De sua casca o
povo rural retira uma fibra resistente conhecida por embira, usada para
amarrios rústicos. 2- situação de
miséria, penúria, endividamento: “ele
perdeu o emprego, está na pindaíba...”
Pinguela – 1- pequenina ponte
improvisada só para um pedestre de cada vez, para travessia de córregos e
valas, feita com um tronco de árvore ou feixe de grande bambus. 2- pessoa magérrima. É uma comparação pejorativa ao primeiro
sentido da palavra, por analogia à imagem do que é fino, estreito, magro.
Pintar o sete – “Pintar e bordar”. Quebrar a ordem estabelecida, sair da regra
social, aprontar traquinagens, fazer estrepolias, travessura. “O moleque pintou o sete! Ele é da pá
virada!”
Pintar os canecos – idem.
Plasta – “prasta”. Pessoa moleirona,
inerte, de pouca atividade, sem expediente, preguiçoso. Palerma. “Fulano é um plasta!” Por vezes vem de
forma redundante, como num xingo: “plasta
mole!”
Pras cucuias – aquilo que está sumido,
distante, intangível: “viajou pras
cucuias, pro Norte...” Embora não tão incisivo, tem em certa medida o
mesmo sentido de “pros quintos das
arraias!”: “ah... foi lá pras cucuias...” (lugar indefinido, inimaginável,
longe das vistas, onde não incomoda mais).
Pros cocos – mal feito, sem zelo,
construído de qualquer maneira, sem critério. “A festa foi feita tudo pros cocos...” (feita de qualquer modo;
festa ruim); “o pedreiro construiu a casa
pros cocos...” (o serviço profissional deixou a desejar).
Pros quintos das arraias! – “pros quintos dos infernos!” Expressão
sempre exclamativa e impetuosa, excludente, de catarse, como que expulsando ou
renegando algo mal, para longe, para onde ficará neutro. Tem o sentido de
expulsão, eliminação: “vou mandar meus
inimigos pros quintos das arraias!”
Puaia – pessoa boa, prestativa,
virtuosa, honesta, agradável, querida. Expressões em sinonímia: “feijão sem bicho”, “boa praça”, “peça fina”, “gente boa”. Caipirismo em desuso: “o sô Zé é puaia, feijão sem bicho!”
Tiquinho – "Tiquin'". Pouquinho, muito pouco. “Um tiquinho de gente”: pouca gente, ou,
uma pessoa pequena ("pingo de gente"). “Tiquinho de comida”: almoço parco.
* Texto: UIisses Passarelli
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