Aproxima-se o dia de São João Batista, 24
de junho, ponto alto das chamadas festas juninas, tão queridas no Brasil. Segundo OBERACKER, consta num relato carioca setecentista: “assisti ainda a um oratório em homenagem a São João”, denotando sua tradicionalidade no país.
Seu festejo é antigo nesta região de Minas Gerais. SPIX & MARTIUS o viram em Lagoa Dourada no século XIX (1817-1820): “algumas barracas ofereciam à venda chitas, tecidos de algodão, chapéus, ferramentas, pólvora, etc; os negros ali presentes formavam grupos e faziam ressoar a sua música plangente, num instrumento de madeira com fios de seda esticados, acompanhando-a com sons estridentes da fricção de dois paus. Pouco a pouco, foram chegando os vizinhos, montados em bestas, para assistir à missa de festa; eles mais pareciam empenhados na compra de mercadorias baratas para as necessidades domésticas, do que tomar parte no regozijo geral.”
BURTON, em 1867, acerca da mesma cidade, anotou: “os habitantes reúnem-se nas cidades paroquiais, vindos de todas as direções; cada lugar tem sua fogueira, desfile de bandas e as pessoas ficam sentadas toda a noite e hasteiam, alegremente, o “mastro de São João” (...) A animada festa é mais agradável na roça do que na cidade, onde o bimbalhar dos sinos e as explosões das girândulas começam antes do amanhecer [alvorada festiva]. A gente fica surdo com os ridículos foguetes, e os moleques, isto é, os negrinhos, tornaram as ruas, supinamente desagradáveis, lançando buscapés, que fazem tudo o que podem para queimar as pernas das pessoas.” Ainda este autor vira no mesmo ano, um mastro junino na Serra da Mantiqueira, no Caminho Novo, próximo a Barbacena: “Retiro é um grupo de palhoças habitadas por negros, que tinham hasteado um mastro de São João, e um santo também negro.”
Vale mencionar também a festa de São João na Capela de Nossa Senhora do Pilar, no Elvas (Tiradentes), popularmente conhecida por “Capela do Padre Gaspar” ou "Igreja do Gaspar".
Junto com Nossa Senhora do Pilar é co-padroeiro de São João del-Rei. Em 12/10/2003 foi bento pelo
Bispo da Diocese de São João del-Rei, Dom Waldemar Chaves de Araújo um monumento em sua homenagem na
Praça Professor José Batista de Sousa (atrás da Catedral do Pilar), estátua esculpida por Miguel Randolfo de Ávila.
Sua festa outrora marcou época, com os festejos litúrgicos na dita Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, onde a orquestra tocava numa missa solene e os festejos profanos se desenvolviam no Largo do Rosário a princípio. Depois passaram para o Largo Tamandaré (atual Praça Severiano de Resende). Em 1918 já estavam nesse largo, atestam as páginas d'A Tribuna. Até a década de 1980, tornaram-se afamadíssimos os encontros de quadrilhas juninas, cada qual de um bairro diferente, que se orgulhavam e esmeravam em bem montar seus grupos. A festa era o maior incentivo. Destacava-se pela organização atenciosa dessa festa o sr. Djalma Assis. Finda esta, as quadrilhas se dissolveram na maior parte.
É destaque hoje seu festejo realizado na tradicional Rua São João (Bairro Tijuco), encabeçado pelos moradores da comunidade. Uma nota de destaque é a alvorada festiva, que inclui uma tocata da Banda Municipal Santa Cecília, às 6 horas.
A Tribuna, São João del-Rei, n.206, 09/06/1918
*Texto e foto (17/06/2014): Ulisses Passarelli
Seu festejo é antigo nesta região de Minas Gerais. SPIX & MARTIUS o viram em Lagoa Dourada no século XIX (1817-1820): “algumas barracas ofereciam à venda chitas, tecidos de algodão, chapéus, ferramentas, pólvora, etc; os negros ali presentes formavam grupos e faziam ressoar a sua música plangente, num instrumento de madeira com fios de seda esticados, acompanhando-a com sons estridentes da fricção de dois paus. Pouco a pouco, foram chegando os vizinhos, montados em bestas, para assistir à missa de festa; eles mais pareciam empenhados na compra de mercadorias baratas para as necessidades domésticas, do que tomar parte no regozijo geral.”
BURTON, em 1867, acerca da mesma cidade, anotou: “os habitantes reúnem-se nas cidades paroquiais, vindos de todas as direções; cada lugar tem sua fogueira, desfile de bandas e as pessoas ficam sentadas toda a noite e hasteiam, alegremente, o “mastro de São João” (...) A animada festa é mais agradável na roça do que na cidade, onde o bimbalhar dos sinos e as explosões das girândulas começam antes do amanhecer [alvorada festiva]. A gente fica surdo com os ridículos foguetes, e os moleques, isto é, os negrinhos, tornaram as ruas, supinamente desagradáveis, lançando buscapés, que fazem tudo o que podem para queimar as pernas das pessoas.” Ainda este autor vira no mesmo ano, um mastro junino na Serra da Mantiqueira, no Caminho Novo, próximo a Barbacena: “Retiro é um grupo de palhoças habitadas por negros, que tinham hasteado um mastro de São João, e um santo também negro.”
Vale mencionar também a festa de São João na Capela de Nossa Senhora do Pilar, no Elvas (Tiradentes), popularmente conhecida por “Capela do Padre Gaspar” ou "Igreja do Gaspar".
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Estátua de São João Batista, São João del-Rei. |
Sua festa outrora marcou época, com os festejos litúrgicos na dita Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, onde a orquestra tocava numa missa solene e os festejos profanos se desenvolviam no Largo do Rosário a princípio. Depois passaram para o Largo Tamandaré (atual Praça Severiano de Resende). Em 1918 já estavam nesse largo, atestam as páginas d'A Tribuna. Até a década de 1980, tornaram-se afamadíssimos os encontros de quadrilhas juninas, cada qual de um bairro diferente, que se orgulhavam e esmeravam em bem montar seus grupos. A festa era o maior incentivo. Destacava-se pela organização atenciosa dessa festa o sr. Djalma Assis. Finda esta, as quadrilhas se dissolveram na maior parte.
É destaque hoje seu festejo realizado na tradicional Rua São João (Bairro Tijuco), encabeçado pelos moradores da comunidade. Uma nota de destaque é a alvorada festiva, que inclui uma tocata da Banda Municipal Santa Cecília, às 6 horas.
Referências bibliográficas
BURTON, Richard Francis. Viagens aos Planaltos do Brasil (1868) . 1º Tomo: do Rio de Janeiro
a Morro Velho. Rio de Janeiro: Nacional, 1942. Coleção Brasiliana, série 5a, v. 197, p. 188.
OBERACKER JR. Carlos H. O Rio de Janeiro em 1782 visto pelo pastor F.L.Langstedt. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v.299, abr./jun.-1973. p.3-15.
SPIX, Johann Baptiste von, MARTIUS, Carl Friedrich Philipp von. Viagem pelo Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938.
Referências hemerográficas
*Texto e foto (17/06/2014): Ulisses Passarelli
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