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domingo, 18 de maio de 2014

Charola

Dentre outras acepções, charola é um pequeno andor. Diz uma antiga quadrinha popular:


Charola e andores azuis. Capela de N.S. da Vitória,
São Sebastião da Vitória (São João del-Rei/MG).
"Que santo é aquele, 
que vem na charola? 
É São Benedito 
e Nossa Senhora!” 
(domínio público)

Algumas charolas tomam formas específicas, como barcos (de São Pedro e N.S. dos Navegantes - padroeiros dos pescadores) e carrocerias de caminhão (de São Cristóvão - padroeiro dos motoristas).

Charola é também um antigo cortejo peditório trazendo a imagem do Senhor Bom Jesus sobre um pequenino andor, que rapazes carregavam pelas ruas pedindo esmolas para a Festa dos Passos. A este respeito existe uma notícia levantada por Antônio Gaio Sobrinho, informando o incidente de 1781, em São João del-Rei, quando o grupo foi atacado pelo Brigadeiro Francisco Joaquim Araújo Magalhães, que espatifou o andorzinho sob os pés e quebrando a imagem do Senhor dos Passos, levou-lhe a cabeça, sem a restituir, não obstante os protestos.  

A origem da charola seria decerto portuguesa. Em Portugal há as “alvíssaras”, que segundo Cascudo“são grupos de rapazes e moças que cantam versos em louvor da Ressurreição, indo à porta da igreja ou às casas dos amigos, recebendo amêndoas, passas e tremoços.” 

Na zona da mata mineira, microrregião de Viçosa ainda são praticadas as charolas de quaresma como se fossem folias dos Passos, onde foram referenciadas por Paniago e por Giovaninni Jr.

Referências bibliográficas

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.]. 930p. 
GAIO SOBRINHO, Antônio. Visita à Colonial Cidade de São João del-Rei.  São João del-Rei: Funrei, 2001. 128p. p.107.  
GIOVANINNI JÚNIOR, Oswaldo. Registro do Folclore da Zona da Mata. Juiz de Fora: Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina / FUNALFA, 2004. (Folder)
PANIAGO, Maria do Carmo Tafuri. O Folclore na Zona da Mata Mineira. Boletim da Comissão Mineira de Folclore, Belo Horizonte, dez. / 1991. n.l4. 16p.il.


Notas e Créditos

* Texto e fotografia (2013): Ulisses Passarelli

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