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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Malaquias


Donira Gonçalo Madruga era uma senhora natural de Capela Nova, onde em sua juventude presenciara as festas congadeiras. Radicada desde muito jovem em São João del-Rei contou-me em meados de 1995 sobre aqueles festejos e ainda um causo, narrativa curiosa acerca de uma criança, que de um estado de calma passou à condição de endiabrada, só porque foi batizada com o nome de Malaquias. Narrou que: um recém-nascido foi levado à pia batismal. No colo da madrinha o padre perguntou qual seria o nome do menino. A mãe respondeu: _ Malaquias. Antes que o padre prosseguisse, o bebê entrou em desespero incontido, remexendo demais. Gritava, esperneava, pulou do colo, rolou no chão e saiu correndo mundo afora sem poder ser alcançado. Desapareceu. Malaquias é nome do capeta, acreditaram. Daí ficou a crença que não se deve batizar uma criança com esse nome...

Curiosamente, em São João del-Rei, uma estrofe de calango, cantada pelo sanfoneiro Luís Carlos Rosa ("Luisinho", 2012), diz expressamente:

"Fui chamado no inferno,
pra cantá com Malaquia,
cantei sexta, cantei sábado,
e domingo até mei' dia.
Quando foi segunda feira
perguntei se ainda queria..."

Mais uma vez o nome hebraico de profeta mensageiro aparece associado ao mal. 

Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli  

                                                                               Notas 

Revisão: 03/04/2025. 

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