Ibituruna novamente festejou o rosário de Maria com a força da fé popular e a vibração extraordinária dos tambores congadeiros. Foi no primeiro domingo de julho o dia maior. Junto à bela Igreja de Nossa Senhora do Rosário se concentraram os dançantes do reinado, com suas fardas e instrumentos musicais, vindos do entorno imediato do Campo das Vertentes e do Oeste de Minas, prevalecendo a presença das jombas, ou seja, os moçambiques que habitualmente executam esse ritmo, preponderante na região.
Tendo o próprio moçambique e a congada local como anfitriões, foram recepcionados ternos de congadeiros vindos de Bom Sucesso, Santo Antônio do Amparo, Perdões, Cana Verde, Nepomuceno, Oliveira, Lavras, Ijaci, Carrancas, Itutinga, São João del-Rei, Prados e Dores de Campos, das zonas urbana e rural, em certos casos várias guardas de cada município, entre congos, moçambiques, marujos, vilões e catupés.
A diversidade notória se reforçava com a intensa participação da comunidade local e dos visitantes, com ampla movimentação de largo, barracas de comes e bebes, tudo com muita ordem, boa fé, organização significativa e concorrência de fiéis.
A programação revelou que a comemoração foi precedida de novena, com procissões nos três dias finais. Destaque para a alvorada pelos grupos locais, às 4 horas da madrugada. O dia maior foi antecedido pela bênção da fogueira às 21 horas e danças ao redor. A estruturação cerimonial religiosa foi cuidada com o maior zelo e absoluta devoção, sendo mister reconhecer a valorização que o pároco, Padre Sílvio Firmo do Nascimento, concedeu às festividades.
No extremo da praça da Igreja do Rosário, quatro mastros eram continuamente visitados pelos congados, cantando à sua base as saudações de praxe: dois mastros dedicados a Nossa Senhora do Rosário, um a São Benedito e outro a São Pedro.
Como de costume foi servida farta e saborosa alimentação.
O cortejo trazendo o reinado e o andor foi intenso, fervoroso e ao final cada terno se apresentou individualmente em honra aos santos e homenagem aos coroados.
Ibituruna se regozija por suas tradições e as conserva com carinho. Merecem aplausos todos os que ajudaram a festa.
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Moçambique de Machados (Perdões), tocando sua jomba. |
A devoção ao rosário começo muito cedo... Moçambiqueiros de Oliveira. |
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Guarda de Congo de Cana Verde. |
Para participar do rosário se deve sentir a devoção à flor da pele e cantar com a alma: congadeiro toca uma cuíca. Moçambique "Kingongo", Pedra Negra (Ijaci). |
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Desde muito jovem se principia no congado, como neste catupé de Perdões. |
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Congadeiros de Itutinga e de Prados no café da manhã. |
Moçambique de Ibituruna. |
Chegada da congada de Ibituruna: a bandeira é saudada respeitosamente. |
Marujo de Dores de Campos. |
O vilão da Guarita (Santo Antônio do Amparo) escolta a passagem da corte do Imperador do Divino, vinda de São João del-Rei para participar dos festejos. |
O cortejo em toda sua pujança. |
A jomba do Congonhal (Nepomuceno) marcou presença e conquistou atenções. |
Mastro não é um pedaço de pau... é um elemento telúrico, sagrado. Capitão de moçambique da Baliza (Santo Antônio do Amparo) o saúda. |
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Fotomontagem mostrando os registros dos quatro mastros fincados. |
Cenas do Moçambique Santa Efigênia, de São João del-Rei,
durante a festa em Ibituruna.
Notas e Créditos
* Texto e acervo: Ulisses Passarelli
** Fotografias e vídeos (02/07/2017): Iago C.S. Passarelli
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