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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Moçambique de Ibituruna

Apresentamos nesta postagem um vídeo curto que mostra o momento da chegada do Moçambique "Nossa Senhora do Rosário", de Ibituruna, na voz do Capitão Antônio Salvador, em toque de jomba, ao café da manhã, durante o 3º Encontro de Congados de Tiradentes/MG, a 17/07/2016.








 Imagens do moçambique de Ibituruna durante o encontro. 

Ibituruna é cidade do Campo das Vertentes às margens do Rio das Mortes já em seu trecho de baixo curso. Junto à imponente serra homônima, se orgulha de ser, conforme dizeres de Diogo de Vasconcelos, "o mais antigo lar da pátria mineira". Com essa pomposa frase referia-se o autor nas páginas da história ao fato de ter sido a primeira povoação fundada em Minas Gerais, no remoto 1674, pelo célebre bandeirante paulista Fernão Dias Paes. Chefiando a Bandeira das Esmeraldas, que subiu do Vale do Paraíba para o ermo interior através da Mantiqueira, após atravessar o sul mineiro chegou ao vale do Rio das Mortes onde se viu obrigado a estacionar até o fim da estação chuvosa. Foi então oportuno fundar uma feitoria: Ibituruna. Eram pequenas povoações ou núcleos de fornecimento de mantimentos e víveres com o intuito de ser uma base permanente de suporte para a passagem das caravanas de bandeirantes.

Serra de Ibituruna, vista da cidade.  

Panorama da praça da matriz. 

Placa comemorativa do tricentenário nas imediações do Rosário. 

Marco de sesmaria, exposto na mesma praça da foto anterior. 

Igreja do Rosário no dia maior de sua festa,
repleta de assistência e congadeiros. 

A palavra Ibituruna é de origem indígena, de base tupi, significando "serra negra".

A cidade, cujo padroeiro é São Gonçalo do Amarante, possui ainda elementos significativos da arquitetura histórica. A Festa do Rosário é um grande atrativo turístico-cultural, no mês de junho, último final de semana, congregando congados visitantes de toda a redondeza, numa demonstração de ser um dos festejos congadeiros mais pujantes dessa área geográfica. 

Seu moçambique conserva os aspectos típicos autênticos dos moçambiques regionais, batendo na jomba velhas cantigas que rememoram o sofrimento do escravo e a devoção a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. 



Letra do canto

"Pai e Filho, Espírito Santo,
anjo da guarda do lado,      BIS
com as três palavras divinas,
trago o meu corpo fechado!"   BIS

"_ Aqui nesta casa, 
oi, mora quem é?
_ Bom Jesus!
Maria, José!"

"_ Na casa de nhônhô, 
nós reza sem santo...
_ Pai e Filho!
Espírito Santo!"

Referências Bibliográficas

VASCONCELOS, Diogo Pereira Ribeiro de. Breve descrição geográfica, física e política da Capitania de Minas Gerais. Estudo crítico por Carla Maria Junho Anastasia; transcrição e pesquisa histórica por Carla Maria Junho Anastasia e Marcelo Cândido da Silva. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1994.  188p. Coleção Mineiriana, Série Clássicos. 

Notas e Créditos

* Texto e vídeo: Ulisses Passarelli
** Fotografias: Iago C.S. Passarelli, 17/07/2016 (moçambique) e 30/06/2013 (cidade)
*** Para saber mais sobre moçambique, leia neste blog a postagem:

JOMBA: UM OUTRO TIPO DE MOÇAMBIQUE

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