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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Festa do Rosário no São Dimas, 2016

Segundo informações orais, desde 1958, o Bairro São Dimas (antigo Lava-pés), em São João del-Rei, festeja com congados o rosário de Maria no segundo semestre do ano, setembro ou outubro. Ora aconteceu a referida comemoração no último domingo, dia 11, com a animação de costume, em torno da Capela de Nossa Senhora do Rosário. 

No mesmo formato dos anos anteriores e desses eventos em geral, transcorreu a festa de 2016 com a presença dos dois ternos do bairro, que foram anfitriões de visitantes de longe: um congo de Machado e outro de Itaguara, um vilão de Perdões, o catupé da vizinha Resende Costa e ainda o conterrâneo "Moçambique Santa Efigênia". 

Ao alvorecer, como de praxe se realiza, girândolas de fogos de artifício espoucaram para anunciar o dia festivo e trazer-lhe bons augúrios. 

No começo da manhã começaram a chegar os dançantes e pouco a pouco encheram o largo da igrejinha, que se encontrava aberta e enfeitada, tal como o cruzeiro que a ladeia. No interior, previamente montado e ornado, o andor de Nossa Senhora do Rosário e outro de São Benedito, estavam expostos à veneração dos fieis. 

Os dois congados locais logo trataram de erguer seus respectivos mastros e ainda por respeitosa deferência mais um mastro em memória do Capitão Raimundo Camilo, que tinha sob seu comando outra guarda no bairro, mas que o Criador já chamou de volta. A atitude, muito simbólica e eloquente é como se dissesse a todos que ele e sua obra ainda vivem e não podem ser esquecidos. O memorial também se fez notar na residência da Capitã (*) Maria Auxiliadora Mártir, que expôs bem à frente da sua casa o vestido e a coroa da memorável Rainha Conga do lugar, Sra. Maria da Glória, sua progenitora e também o pandeiro do fiel congadeiro Mauro, com fitas pretas de luto. O carinho e o respeito a quem deixou sua marca e legado. Todos o viram posto que os congados que chegavam visitavam sua residência. 

Uma barraca de comes-e-bebes ao fundo da capela arrecadava em benefício da festa; o palanque armado adrede, com sonorização, estava pronto para a missa campal. 

A alimentação dos dançantes como de outros anos, transcorreu no Centro Comunitário Dom Bosco. Registre-se a fartura, higiene e bom tempero, aliados ao prazer em servir aos congadeiros. 

No calor da tarde, castigando de fato, no sobe e desce de ladeiras, tambores e gungas zoaram e tiniram pelas ruas à escolta do reinado. Alguns príncipes e princesas deixam na assistência a esperança de continuidade, crendo que no futuro tornar-se-ão reis e rainhas do rosário. 

De chegada foram entregues na capela como manda a tradição; houve celebração da Santa Missa e logo mais procissão. Os congados são-joanenses desceram os mastros. Todos se despediram, com o cansaço físico mas o espírito renovado na fé. Não há muito tempo para descansar: quinta-feira é preciso levantar mastros no Bairro São Geraldo pois já no próximo domingo é dia maior do rosário naquele bairro vizinho. Esta é a luta e a missão do congadeiro. 

Capitã Maria Auxiliadora e Capitão Danilo carregam um mastro. 
Capitã e festeira Maria Auxiliadora conduz o ritual de levantamento de um mastro.

Levantamento do mastro do terno do Capitão Moacir Santana. 
Terno do bairro, sob o comando do Capitão Moacir canta no interior da capela. 

Capitã de Itaguara entoa seus louvores. 

A guarda de Machado enche a via de imponência. 

O vilão de Perdões pelas ruas com sua movimentação agitada e colorida. 

Jovens congadeiros (as) de Resende Costa. 

Moçambique Santa Efigênia subindo a ladeira da capela. 

Capela do Rosário com os mastros fincados no adro e cruzeiro ao lado enfeitado. 

Moçambiqueiros tocando ganzá, caixa e pantagome. 

Notas e Créditos

* Capitã: no dizer popular a forma correta é capitua ou capitoa
** Texto: Ulisses Passarelli
*** Fotografias: Iago C.S. Passarelli, 11/09/2016

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