Alecrim é o nome popular aplicado a alguns vegetais aromáticos. Criadores de abelhas, ao instalar colmeias próximo aos alecrins nos cerrados, obtém mel e própolis especiais quando de sua florada, reputado como de valor medicinal extra. Genericamente os alecrins são assim reconhecidos nos meios populares:
1- O alecrim de horta: Rosmarinus officinalis, planta lamiácea originária da região mediterrânea, bem aclimatada ao Brasil. A tradição popular do Campo das Vertentes deu-lhe alguns usos:
a) como remédio [1]: em decocção, na função de regulador da pressão arterial, febrífugo, estimulante da função estomacal;
b) em banhos: de finalidade espiritual, da cabeça para baixo - abre a sensibilidade mediúnica; traz equilíbrio energético e alinhamento vibracional dos chakras. É considerado uma erva de Oxalá (São João del-Rei, 2000).
c) como tempero, principalmente para carnes vermelhas, em pequenas porções.
Para plantá-lo, deve-se estar com o coração puro, do contrário, ele não "pega" (nasce, brota). Há o verso próprio para plantá-lo:
“Eu planto este alecrim
na hora de Deus, amém!
Se este alecrim pegar,
meu amor pega também.”
(Santa Cruz de Minas, 2000);
2 - Alecrim do campo: nome de algumas plantas asteráceas arbustivas do gênero Baccharis, próprias das áreas abertas, nativos das pastagens naturais do Brasil. Existem alguns usos populares:
a) os ramos ajuntados em feixe e amarrados a um pau como um cabo, são usados para confecção de vassouras de uso geral, para limpeza de casas, terreiro de fazenda, quintais, forno de fazer quitanda;
b) especificamente para fazer vassouras de finalidade espiritualista, varrendo o ambiente no sentido de descarregá-lo. Acredita-se que varrer um lugar com uma vassoura de alecrim traz calmaria, serenidade, sossego;
c) como incenso ou defumador, afastando males se queimadas suas folhas secas;
d) banho espiritual de descarrego, puro ou misturado a outros ingredientes, tomando-se o cuidado de usar o alecrim "macho" para homens (Baccharis dracunculifolia) e o "fêmea" para mulheres. Considerado erva de vibração da linha de caboclos e também dos boiadeiros. Uma variedade contudo, conhecida tradicionalmente por "cabelo de negro" é considerada erva dos guias da linha africana, ou seja, dos pretos velhos;
e) banho medicinal da cultura popular contra edemas e feridas de perna;
f) esfregado na roupa é usado para espantar carrapato quando se tem que caminhar num pasto em época de seca.
O alecrim nas pastagens motivou uma peça cantada no cancioneiro geral muito difundida e também conhecida nesta região, sobretudo como canto infantil, como esta versão são-joanense:
“Alecrim, alecrim dourado, BIS
que nasceu no campo sem ser semeado!
Foi meu amor, que me disse assim, BIS
que a flor do campo é o alecrim!”
Também o registramos como canto de congado, entre os anos 2000 e 2001, cantado pelo Capitão Raimundo Marino da Silva (Raimundo Camilo), no catupé de São João del-Rei:
"Alecrim cheiroso, alecrim dourado,
nasceu no campo sem ser semeado!"
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1- Alecrim do campo "cabelo de negro". Bairro Guarda-mor, São João del-Rei. |
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4- Alecrim de água no habitat, na Serra do Lenheiro. São João del-Rei. |
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5- Detalhe de um ramo de alecrim de água. |
Notas
- Como é de praxe neste blog não aconselhamos nem recomendamos o uso de qualquer substância com finalidade medicinal pelos eventuais riscos que podem causar à saúde. Apenas registramos o uso popular pelo valor folclórico e etnográfico.
- Revisão: 06/05/2025.
- Fotografias: 1 e 4: Iago C.S. Passarelli; 2, 3 e 5: Ulisses Passarelli.
- Texto: Ulisses Passarelli.
Quanto ao alecrim, deve ser usado para baixar a glicose no sangue. É excelente não tem contraindicação. Use o Alecrim do Campo e de preferência a fêmea que tem maior concentração do princípio ativo, pois é o Alecrim fêmea que as abelhas usam para produzirem A Própolis verde.
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