Outros trabalhos

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Na minha terra se fala assim - parte 13

Barriga verde – principiante, inexperiente.

Bicho bom – gíria em processo de desuso, indicativa de pessoa bonita, atraente.

Boa praça – gente boa, de boa índole, prestativo, educado, gentil, bondoso.

Bofe – os pulmões.

Botar as unhas pra fora – revelar a verdadeira personalidade maldosa, antes oculta sob a falsa imagem de bondade.

Cacunda – africanismo: ombros, espáduas. “Carregar na cacunda”: literalmente, trazer o peso sobre os ombros, uma responsabilidade.

Cambota – 1- peça de madeira que compõe a roda do carro de bois, em forma de semi-círculo; 2- cambalhota; reviravolta.

Camelo – traste, tranqueira, bicicleta velha, motocicleta ruim, carro imprestável, pipa (papagaio, pandorga) de má qualidade. “Desceu o morro num camelo danado...” (numa bicicleta velha, por exemplo).

Caminho de São Tiago – a via-láctea; mancha esbranquiçada e alongada visível num céu aberto e sem luminosidade da lua. 

Cangote – pescoço e principalmente a nuca. 

Carretel – a ATM (articulação têmporo-mandibular); o côndilo da mandíbula em sua articulação com a fossa glenóide do osso temporal.

Casa do chapéu – local imaginário que simboliza algo muito longe, ermo.

Chapuleta – grande, volumoso.

Colondria – corja, canalhice.

Com cinco pedras na mão – com agressividade. Brutalmente.

Com um pé atrás – com desconfiança, com cisma. Diz-se da atitude de precaução.

Disgrama – eufemismo de desgraça; coisa muito ruim; tragédia; xingamento para ocasiões de grande contrariedade.

Do diabo pra trás – o pior possível, péssimo, horrível, muito ruim.

É mais fácil nascer cabelo no ovo – expressão usada para indicar algo impossível, que jamais acontecerá.

É mais fácil nascer dente na galinha – idem.

Empaçocado – embolado, denso, farináceo, ressequido.

Enguiço – sujeito de índole rixenta; pessoa que arranja confusão por qualquer coisa.

Enjirizado – “injirizado”, o que tem ojeriza; antipatia, raiva, nervosismo.

Esborrachou – arrebentou, estatelou.

Espigado – comprido, alongado, magro e longo. “Sujeito espigado”.

Está pensando na morte da bezerra (variante: “Esperando a morte da bezerra”) – indicativo de inércia, falta de atitude, ausência de pró-atividade.

Fazer tempestade em copo d’água – fazer confusão por coisa mínima; tumultuar por algo que pode ser resolvido diplomaticamente.

Fuleiro – ordinário, de pouco valor, de má qualidade, insignificante.

Fundo do baú – algo muito velho; lembrança de alguma coisa antiga; rememorar uma situação ou fato que a muito ninguém se lembrava: “tirar do fundo do baú”, expor do passado ao presente.

Guela – garganta, faringe. (A pronúcia é tremada: “güela”). “Pegar na guela”: estrangular, sufocar.

Levou quem trouxe ... – situação de azar, danação; expressão para indicar o momento exato que uma situação se vira para o descontrole.

Mais cacique do que índio – expressão indicativa de que muita gente quer mandar mas não quer ser mandada; local ou situação onde uma autoridade não se impõe e vários dão a diretriz, achando-se suficientes para isto. Serviço cheio de chefes.

Mais feio que o diabo dando cria – horroroso, medonho, muito feio.

Meio caminho andado – metade de uma questão resolvida. Situação encaminhada, em andamento, mas não concluída.

Mole-mole – a traqueia.

Morde e sopra -  aquele que ataca e a seguir presta socorro, como se não tivesse culpa. Dissimulado.

Muita galinha e pouco ovo – literalmente, muito trabalho para relativamente pouco retorno financeiro. Situação econômica desfavorável ante grandes responsabilidades.

Não dá o braço a torcer – aquele que mesmo estando errado e sabendo do erro, não o admite de forma alguma.

Papagaiada – falatório, falação, algaravia, conversa muito alta e confusa, muita gente falando ao mesmo tempo.

Passarinha – o baço.

Pegar no guatambu – trabalhar, iniciar um serviço. Expressão de origem rural: guatambu é uma madeira amarelada muito usada para fazer cabos de ferramentas, sobretudo enxadas, em razão de sua resistência. O mesmo que tambu.

Pegar o boi pelo chifre – enfrentar a situação de peito aberto, com vigor, despachadamente, encarando os riscos. Assumir uma demanda na linha de frente, sem intermediários.

Pipoco – estouro, explosão.

Rapa do tacho – o último, o resto, o caçula.

Rolo armado – confusão ou desentendimento prestes a acontecer; situação embaraçosa na iminência de se deflagrar.

Tem a boca maior que o estômago – Expressão aplicada a quem tem grande gula; diz-se de quem come demais, compulsivamente.

Tem o olho maior que a cara – tem enorme ambição. Expressão para indicar grande usura.

Tirambaço – disparo violento, tacada forte, pedrada, soco brutal.

Tiro no pé – erro crasso que atinge quem errou. Dar um tiro no pé é tomar uma atitude impensada que trará graves consequências para si próprio.

Trepar nas tamancas – ficar muito nervoso; descontrolar-se emocionalmente; xingar muito; gritar impropérios contra alguém.

Trocando de pato pra ganso – mudando de assunto; passando repentinamente de uma questão para outra.

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli 

Nenhum comentário:

Postar um comentário