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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Na minha terra se fala assim - parte 9

Abilolado – sem juízo perfeito; doido; de baixo intelecto e ações inconsequentes.

Andaço – virose; epidemia. O povo a vincula ao extremo climático de frio ou calor.

Beleza de Creuza – expressão de intensificação da estética: maravilhoso, excelente.

Boca de siri! – expressão de solicitação de segredo, silêncio absoluto sobre um fato.

Branquinha – cachaça, aguardente de cana de açúcar.

Cagaço – medo extremado. “Passou um cagaço”: teve muito medo.

Cheio de banca – fazendo-se de poderoso, influente, rico, sem de fato o ser.

Deixar a vaca ir pro brejo – perder o controle de uma situação; ser derrotado; falir.

É fria! – expressão que indica uma complicação intensificada, risco ou prejuízo iminente: “_ não aceita esse negócio que é fria!”

Encher o rabo1-embriagar-se; 2- comer demais, empanturrar-se; 3- ter um lucro imenso.

Esbudegar – estragar, dar grande desgaste a algo. “Esbudegou o carro”.

Escreveu, não leu, pau comeu! – Expressão indicativa que a desobediência a um aviso terá consequência extremada, sem chance de novo alerta.

Estar comendo o gambá errado – diz-se de quando se atribui a culpa a alguém que de fato não está envolvido no caso. Culpar um inocente.

Fazer de bobo para viver – fingir-se de desentendido para se dar bem na situação.

Gambiarra1- reparo ou serviço provisório, feito sem esmero;  2- amante, concubina.

Guéri-guéri – frescura, mania, cerimonial desnecessário. “Fulano é cheio de guéri-guéri”.

Ideia de girico – pensamento ruim, ideia infrutífera, solução inadequada para um caso, ação inconsequente.

Influenza – gripe ou resfriado, indistintamente. “Peguei uma influenza”. “Estou de influenza”. Referência ao vírus Influenza, causador da gripe.

Lambisgóia – termo pejorativo aplicado a mulheres com baixo conceito em educação, comportamento social, reputação, personalidade.

Lavar a égua – se dar bem numa situação; alcançar elevado lucro; ser beneficiado. “Casou com um ricaço, lavou a égua.”

Lestreque – ótimo; delicioso. “Almoço lestreque”. Bonito, bem aparentado: “terno lestreque”.

Macacoa – urucubaca, azar, agouro, zebra, indaca, ziquizira, quizumba.

Mais velho que a mãe do sarampo – antiguíssimo; muito velho.

Mala e cuia – completo; com tudo o que pertence. “Mudou de mala e cuia” (não deixou nada para traz, levou tudo o que tinha).

Mamão com açúcar – muito bom, favorável, fácil. “A avaliação foi mamão com açúcar”.

Mandinga – feitiço, magia, ebó, trabalho espiritual. Referência à etnia mandinga, grupo de africanos islamizados trazidos escravos ao Brasil. Mandingueiro: quem faz mandinga.

Manduca – pejorativo: sujeito de aparência roceira, acaipirado. Cara de bobalhão.

Maniento – cheio de manias; quem ritualiza as ações mais simples da vida.

Manota – gafe; equívoco, embaraço.

Mão de vaca – sovina, usurário, ganancioso.

Mão na roda – facilidade, conveniência. “Sua ajuda foi uma mão na roda”.

Marafo(a) – cachaça. Africanismo. A palavra tem largo uso como terminologia dos terreiros de umbanda.

Maritaca – prolixo. Pessoa que fala muito como uma maritaca, ave que faz muito barulho, palradora.

Marmota1- feio, sem combinação estética: “essa roupa ficou uma marmota”; 2- atitude execrável: “fez uma marmota no meio da reunião”. Marmotagem: fazer marmota, comportamento ruim.

Matinada – grande barulho, gritaria, algaravia. Um dos orixás guerreiros de umbanda: Ogum Matinada, sincretizado com Santo Antônio de Pádua.

Matraca – falação. Conversa excessiva e sem sentido. Alusão ao instrumento idiofônico homônimo que produz muito barulho. “Fecha a matraca!” (cala a boca!)

Meganha – policial, guarda, na gíria popular, em tom um tanto depreciativo.

Meia-colher – diz-se do pedreiro que faz serviços de má qualidade. Pedreiro ruim. Mau profissional.

Melzinho na chupeta – o mesmo que “mamão com açúcar”. Situação muito favorável; coisa fácil demais; caso cuja resolução não tem a menor dificuldade.

Meter a boca no trombone – contar segredos a alta voz; revelar ao público questões ocultas; contar situações embaraçosas e comprometedoras sobre algo ou alguém. Denunciar.

Meter a língua nos dentes – tem o mesmo sentido de “Meter a boca no trombone”. Dedurar.

Mexer em caixa de marimbondo – envolver com algo perigoso; aproximar-se de uma pessoa perigosa; entrar numa situação arriscada.

Mingau das Almas – remela. Secreção mole e esbranquiçada, que se forma no canto dos olhos, logo cedo ao se acordar ou nos casos de certas inflamações. A expressão é uma comparação grosseira à oferenda dada às almas nos dias de segunda-feira (seu dia votivo) nos cruzeiros, constituída por um mingau de farinha de trigo bem ralo, servido num prato branco.

Miolo mole – “cabeça fraca”, “ideia runhe”: pessoa de pensamentos volúveis, inconstante, inconsequente.

Mironga – firmeza espiritual secreta, que não se revela a ninguém por questão de segurança, pois em seu segredo reside sua força protetora. Pode ser um patuá ou um objeto qualquer contendo o axé. Talismã. Mirongueiro: quem faz mirongas para si ou por encomenda para outrem.

Miserê – miséria; falta de dinheiro, crise financeira. “Vive no miserê”.

Mistereco – pouco, quase nada, resto. “Tem de fazer as compras do mês. Só tem um mistereco de mantimento na dispensa.”

Mixuruco – insignificante, desqualificado, de má qualidade, parco.

Mocorongo – cujo comportamento social se mostra desalinhado com as tendências modernas e urbanas; antiquado. Referente ao caipirismo. Retrógrado.

Modo de comer – expressão que equivale a “algo de comer”, comestível. “Estou com fome. Vou caçar um modo de comer.


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