Outros trabalhos

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Gameleira

Gameleira branca ou figueira brava são nomes aplicados a algumas grandes árvores moráceas, principalmente do gênero Ficus, cuja madeira macia é usada em artesanato para esculpir artefatos de cozinha, tais como colher de pau e outros, e principalmente gamelas, donde procede seu nome. As adjetivações referem-se à cor clara da madeira ("branca") e aos frutos parecidos com figos, mas não comestíveis ("brava"). 

Na religiosidade de matriz africana é considerada uma árvore sagrada, morada do orixá Irôco, nos cultos de nação, além de ser domínio dos exus entidades, nas tradições umbandistas. Na raiz de gameleira se faz feitiço para amarrar o inimigo; ou se quebra uma demanda contrária...

Um ponto de congado de São João del-Rei, que o saudoso Capitão Luís Santana cantava, aludia à árvore em questão: 

“Êh, gamelêra! 
          Gamelêra é galho só...” - bis 


O sentido é meramente provocativo: a gameleira é frondosa, agigantada, de bela copa, mas a madeira é fraca, de pouco valor, apodrece fácil. Daí se aplicar ao congado rival, que só tem beleza externa ("galho só...") mas não tem bom cerne, essência, força. 

Da gameleira o povo extrai a seiva para produção de uma espécie cola levada ao fogo em fervura, o visgo, que noutros tempos se usava para pegar pássaros, esfregando a substâncias nos poleiros habituais, onde, ao posar, as pobres aves ficavam coladas. Felizmente a consciência ecológica tem abolido tal prática. 

Tronco e raízes de uma gameleira.
São Gonçalo do Amarante (São João del-Rei/MG). 

Créditos

- Texto: Ulisses Passarelli
- Fotografia: Iago C.S. Passarelli, out./2014.

Notas

- Revisão: 08/07/2025. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário