Gameleira ou figueira-brava é uma grande árvore morácea do gênero Ficus, cuja madeira clara e macia é usada em artesanato para esculpir artefatos de cozinha, tais como colher de pau e outros, e principalmente gamelas, donde procede seu nome.
Na crença popular a gameleira é como uma árvore sagrada, morada do orixá Irôco além de ser domínio dos exus. Na raiz de gameleira se faz feitiço para amarrar o inimigo.
Um ponto de congado de São João del-Rei, que ouvi o saudoso Capitão Luís Santana cantar, aludia à árvore em questão:
“Êh, gamelêra!
Gamelêra é gaio só...” - bis
O sentido é meramente provocativo: a gameleira é frondosa, agigantada, de bela copa, mas a madeira é fraca, de pouco valor, apodrece fácil. Daí se aplicar ao congado rival, que só tem beleza externa ("galho só...") mas não tem bom cerne, essência, força.
Da gameleira o povo extrai a seiva para produção de uma espécie cola levada ao fogo em fervura, o visgo, que noutros tempos se usava para pegar pássaros, esfregando a substâncias nos poleiros habituais, onde, ao posar, as pobres aves ficavam coladas. Felizmente a consciência ecológica tem abolido tal prática.
Tronco e raízes de uma gameleira. São Gonçalo do Amarante (São João del-Rei/MG). |
* Texto: Ulisses Passarelli
** Foto: Iago C.S. Passarelli, out./2014.
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