Garapa é o caldo da cana-de-açúcar, riquíssimo em sacarose. É extraída moendo-se o colmo deste vegetal em moendas, em pequenas quantidades para o consumo in natura, ou em quantidades maiores para servir de matéria-prima para a fabricação de etanol, cachaça, melado, açúcar e rapadura.
As moendas podem ser elétricas, de fabricação industrial (movidas a motor com polias) ou manuais, de fabricação artesanal, que são as que interessam a este blog. Estas são chamadas engenhos (as maiores) ou engenhocas (as menores).
A garapa é muito usada como bebida refrigerante consumida com temperatura ambiente ou resfriada. O povo a considera uma bebida forte, nutritiva, que fortalece o sangue e a musculatura. Também é misturada à cachaça, como aperitivo.
Alguns versos populares registram o seu consumo e predileção:
“O engenho moeu.
A garapa é minha.
O bagaço é seu ...”
(Terceto infantil, Santa Cruz de Minas, 1997).
Na umbanda a garapa é bebida preferida de muitos Negros Velhos, ofertada em cuias feitas com a metade de um coco-da-baía seco, cabaça ou cuité. Esta oferenda deixou reflexo num canto congadeiro de catupé de São João del-Rei (2005), com duas versões atuais:
“Ai, eu quebrei coco,
pra cuia fazê,
pra levar aguinha,
pro vovô bebê!”
“O engenho tá muendo!
Deixa o engenh’ muê!
Pra fazê garapa,
pro vovô bebê!”.
Na gíria própria, Vovô é sinônimo de Negro Velho, entidade de umbanda. Note ainda o outro eufemismo, "aguinha", por garapa.
Garapa é ainda uma espécie de árvore leguminosa, Apuleia leiocarpa, da família das fabáceas, usada em marcenaria, caibros, construção civil, soalhos, tacos, postes, carroças, carrocerias, dormentes, vigas, moirões e canoas.
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