Ontem, 22, em muitos lugares viu-se, ouviu-se, sentiu-se... os louvores que cá na Terra prestam os humanos com seus instrumentos à querida santa padroeira dos músicos: Santa Cecília. A vivência musical atinge em São João del-Rei uma dimensão sublime, pelo volume e pela qualidade de que se reveste.
A cidade vivenciou agora em novembro uma semana de atividades musicais e na Catedral do Pilar instrumentos de sopro e arco, vozes e acordes, se harmonizam em homenagens a Santa Cecília. No Cajuru, distrito sob os auspícios do Arcanjo São Miguel, a banda de música local, sob o título desta santa querida, a homenageia numa festa singular, muito expressiva.
No Rio das Mortes também é lembrada pela Lira do Oriente. E aqui na zona urbana, pelas sedes das corporações, é de praxe se ver uma imagem dela num oratório ou suporte, ou um quadro na parede, silencioso, mas ouvindo tudo, como se vivo fosse, porque viva é, tal e qual a fé dos músicos que a amam.
Música e religião desde sempre se harmonizaram nesta terra e sobreviveram lado a lado em equilíbrio de ambiência, como num ecossistema, só que sócio-cultural. As corporações seguiram e ainda seguem a um calendário litúrgico de numerosas novenas e procissões. Os compositores deixaram sua marca para tais celebrações, com obras específicas para este ou aquele ato religioso. Dos corais emanam frases sacras.
E assim persevera a musicalidade são-joanense, uma geração após outra, sensível e extraordinária, enfrentando seus dilemas, seus conflitos de sobrevivência, suas pelejas intrínsecas mas sem esquecer sua aliança com o sagrado, estabelecida desde os primórdios de nossa vila tricentenária.
Música e fé se irmanam na tradição são-joanense. Uma cena do distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, Terra de Nhá Chica. |
Notas e Créditos
* Texto: Ulisses Passarelli
** Foto: Iago C.S. Passarelli, 19/10/2014
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