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sábado, 29 de novembro de 2014

Duas lendas da Lagoa dos Cordões

Na margem do Rio das Mortes, ao longo de sua várzea, formam-se algumas lagoas nos rebaixamentos, anualmente renovadas pela invasão das águas fluviais da cheia do rio. Em Santa Cruz de Minas algumas aparentemente menos significativas não receberam nomes próprios; mas outras, por peculiaridades específicas, foram nominadas: Lagoa do Cará (nome de várias espécies de peixes ciclídeos), Lagoa Vermelha, Lagoa Comprida, Lagoa do Cascalho e Lagoa dos Cordões (ou dos Sete Cordões), esta, a maior e mais profunda.

As margens da Lagoa dos Cordões eram pontos de lazer, sempre frequente de se ver banhistas e pescadores. Também difundida no meio popular duas narrativas assombradas para aquelas águas, além das tradicionais estórias do caboclo-d'água, que dizem surgir ali também.

Vejamos, resumidamente, as duas lendas: 

A Noiva Encantada

Dizem que, vez por outra, alguém vê, de repente, uma noiva andando cabisbaixa na beirada da Lagoa do Cordões. É logo reconhecida por seu vestido branco matrimonial. Sua fisionomia expressa tristeza e em breve desaparece como uma bruma matutina. 

Narra-se que, certa feita, fazem muitos anos, uma jovem fora obrigada pela família a se casar com um homem que não gostava de jeito nenhum. Muito contrariada, fugiu correndo do altar e no auge do desespero atirou-se na Lagoa dos Cordões, onde morreu afogada. 

Sua alma infeliz vagueia por lá, entre água e terra, entre dois mundos, aparecendo eventualmente como se pedisse socorro através de sua tristeza.  

Tropa do Além

O povo acredita que nas margens da Lagoa dos Cordões, a altas horas da noite, aconteça uma assombrosa manifestação: ouve-se ao longe cavalos relinchando, muitos, e um intenso tropel, e um homem a gritar como que campeando os animais.

Os cavalos se aproximam e se reconhece pelo aumento da nitidez do barulho a sua chegada, cada vez mais marcante. O corpo então arrepia, anunciando que aquilo é coisa de outro mundo...

E surge a visagem: uma tropa de cerca de quarenta cavalos, absolutamente brancos, tangidos pela alma de um só peão, que brada tocando animais fantasmagóricos.

 Créditos

- Texto: Ulisses Passarelli.

Notas 

- Informante: diversos, Santa Cruz de Minas, 1994.
- Revisão: 13/10/2025. 

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