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sábado, 11 de outubro de 2014

Na minha terra se fala assim - parte 7

Bagunçar o coreto – esculhambar, produzir uma confusão, gerar problemas.
Barango (a) – cafona, de mau gosto, brega, de estética não convencional, fora da moda, espalhafatoso.
Baratinado – “Desbaratinado”, desorientado, sem rumo, sem saber como agir. Como uma barata que corre de um lado a outro sem saber onde se esconder.
Bicho de Sete Cabeças – situação hipotética de muita dificuldade, caso indissolúvel, impasse.
Boa carnadura – expressão que indica grande e rápida capacidade de cicatrização. “Fulano tem boa carnadura”.
Boa pinta – boa aparência, bonito, apresentável. “Fulano é boa pinta”. Por vezes, quando um homem quer se referir que outro é atraente para as mulheres usa dessa expressão como disfarce para não ter que assumir que o acha bonito.
Bom toda vida – expressão de intensificação daquilo que é bom: bom demais. Lugar excelente; alimento ótimo; pessoa extraordinária – são “bons toda vida”.
Bugiganga – objeto inútil, antiquado, tranqueira. Guardar bugiganga: colecionar souvenir.
Caçar chifre em cabeça de cavalo – procurar problema onde não existe; imaginar uma situação irreal onde de fato está tudo em normalidade; arranjar confusão.
Caçar sarna pra se coçar – entrar numa situação embaraçosa por si mesmo; procurar inadvertidamente caminhos que poderão complicar a vida.
Cafona – no sentido de barango, fora do padrão social vigente.
Cara de um, focinho do outro – “cara d’um, fucin’ do ôtro” é a pronúncia ordinária. Pode ter o sentido de semelhança física entre duas pessoas, como pai e filho ou irmãos por exemplo. Aparência semelhante.
Cara lavada – “Cara deslavada”. Despudorado, que não se envergonha, “cara de pau”, que não se importa em ser inconveniente.
Carango – gíria que significa veículo ruim, carro velho, automóvel antiquado, mas pelo qual se tem estima.
Carne de pescoço – indivíduo ruim, inflexível, atrevido, egoísta, que não mede esforços para alcançar um objetivo ainda que prejudique outros.
Casca grossa – grosseirão, sem polimento, mal educado, sem nenhuma gentileza.
Cata-cavaco – expressão indicativa de desequilíbrio ao andar, quase levando a uma queda ou a concretizando. “Sair de cata-cavaco”.
Catorze ofícios, quinze necessidades – diz-se do faz-tudo, homem de múltiplas habilidades desenvolvidas em razão das necessidades impostas pelas agruras da vida; aquele que trabalha muito, ganha pouco, é habilidoso e não tem seu valor reconhecido.
Céca – orgulho, frescura, nojo, asco, sentimento de superioridade. “Ele é cheio de céca, não come em casa de pobre”.
Cê-cê – mal cheiro, sobretudo do suor das axilas.
Chafosquento – delicioso. "O doce tá chafosquento". 
Chapado – o mesmo que chumbado. Bêbado.
Cheio de nhê-nhê-nhêm – cerimonioso, cheio de frescuras, não espontâneo. Vide o verbete seguinte.
Cheio de nove horas – cerimonioso; afeito a ritos cotidianos que impedem a naturalidade do viver.
Chumbar – beber em demasia, embriagar-se. “Saiu chumbado do bar”.
Cipoada – lambada, bordoada, correada, chicotada, chibatada.
Cobra fumar – situação de perigo ou ameaça extrema; iminência de conflito. “Agora que a cobra vai fumar”. 
Comigo é “um” ou “quarenta”; quer ver, experimenta... – expressão de ameaça que indica extremos, ausência de meio termo (diplomacia, perdão): o se é amigo ou não é, ou é leal ou não é.
Contar com o ovo no cu da galinha – se valer algo que não se concretizou; confiar numa situação virtual.
Corriola – gente sem valor, pessoas de poucas qualidades. Andar com corriola: conviver com pessoas desqualificadas.
Cri-cri – chato, inconveniente, aporrinhador, encrenqueiro.
Cubu – quitanda de roça usada na alimentação de trabalhadores braçais: bolo de massa grosseira, ressecado, mas que tem “sustança” (que sustenta, mata a fome). Seu aspecto é  pouco apetecível, estufado, de casca grossa e trincada. Por extensão e pejorativamente, aplica-se a mulheres muito feias.
Cuspido e escarrado – tal e qual, extremamente semelhante. Ver: Cara de um, focinho do outro.
Cutucar a onça com vara curta – abusar da segurança, arriscar-se demais, provocar um poderoso.
Da pá virada – “do arco da velha” (ver “do rabo da Velha”); irrequieto, hiperativo, que arranja soluções, que não se aperta ante as dificuldades; “safo”, sagaz.
Dançar de acordo com a música – agir conforme a circunstância induz. Comporta-se de acordo com o que o momento sugere.
Dar murro em ponta de faca – lutar contra um impasse; pelejar na resolução de algo que efetivamente não tem solução.
Dar na pituca – ter uma atitude ou ação repentina fruto de uma ideia nova.
Dar o troco na mesma moeda – não perdoar; retrucar no mesmo tom uma ofensa; vingar-se com os mesmos meios; “olho por olho, dente por dente”.
Dar passo maior que a perna – agir além dos limites; fazer algo adiante da função que lhe pertence; comprar algo além das posses financeiras.
Dar uma esfrega – bater. Agressão física ou verbal. “Deu nele uma esfrega que parou de fazer palhaçada”.
De cabo a rabo – expressão que indica totalidade, processo completo. “O delegado investigou o caso de cabo a rabo”. De ponta a ponta, do começo ao fim.
Dedel – termo intensificador: “bom pra dedel!” (muito bom); “runhe pra dedel”! (muito ruim)
Desinsarado – mal curado, que não completou o processo de cura, que não inteirou a melhora. Convalescente. “Ele piorou porque estava desinsarado e saiu na chuva".
Desmiolado – literalmente, “sem miolo”, de “miolo  mole”: sem raciocínio, fraco das ideias, imbecil, sem juízo, pouco inteligente.
Dia de São Nunca – expressão para indicar um dia imaginário que nunca chegará; uma data muito adiantada no futuro que não alcançaremos; data longínqua de uma pagamento ou de uma pessoa mudar de comportamento (situação improvável). “Ele vai parar de beber cachaça no dia de São Nunca”.
Dia-hoje – expressão que reforça a ideia de presente, agora, neste momento, hoje mesmo, ainda a pouco. “Dia-hoje encontrei com ela.”
Difluxo – secreção, corrimento. Estar com difluxo: expectoração.
Do cu riscado – travesso, hiperativo, de pensamento rápido, inimigo da letargia, sagaz. “Fulano é do cu riscado...”
Do rabo da velha – traquinas, “artioso” (que faz arte, no sentido de travessuras), ativo, esperto. “Menino do rabo da velha!”

* Texto: Ulisses Passarelli

Um comentário:

  1. Bom dia sou um amante dessas festas nos lugarejos da nossa região só que é muito difícil acompanhar as festas pela falta de difulgação, vc os calendatios das festas para me passar agradeço desde já, meu e-mail é patrickmarcalmelo@hotmail.com.

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