No universo da cultura popular, cabrujeiro é o sujeito que mexe com magia
negativa. Espécie de feiticeiro. Diz uma das versões da “Oração do Peregrino”:
Sua jaculatória completa diz: “Deus pode! Deus quer! Eu também quero e posso e faço enquanto quiser!” [1]
A origem do termo não é evidente e vem carregado de repulsa. Talvez o termo cabrujeiro possa estar corrompido: AULETE (1978) registra o verbete cabungueiro como: a) “indivíduo encarregado do despejo ou recolhimento de cabungos” (= penico, urinol, latrina); b) “sujeito porco ou desprezível” ... Aí estaria o sentido de opróbrio social aos praticantes? Outro possibilidade advém do termo popular cabreiro, ou seja, aquele que adota comportamento semelhante ao de um "cabra" (sujeito, pessoa interiorana desconfiada, que não revela sua verdadeira personalidade). Cabreiro equivale a dúbio, temeroso, dissimulado (conforme o contexto da narrativa. Talvez, porém, seja alteração de cabuleiro, praticante da cabula, religião mediúnica de matriz africana, origem banto, descrita no passado para o estado do Espírito Santo (CASCUDO, s/d), mas quiçá conhecida em outras paragens. Noutra possibilidade, Cascudo registra no seu dicionário o verbete ‘caborje’ no sentido de amuleto, patuá, mandinga defensora. Cabrujeiro poderia ser “caborjeiro”, o feiticeiro que prepara caborjes? Ou talvez, um pouco de todas esses sentidos...
De qualquer forma está implícito nesta oração a preocupação de se livrar dos encantadores, ao se enumerar vários estilos de práticas religiosas e exorcizá-las com palavras que apelam para o número cabalístico sete, símbolo da totalidade espiritual. A Oração do Peregrino visa abrir os caminhos dos empecilhos tramados pelos inimigos que trabalham na magia, com o mundo desconhecido, místico, espiritual, acreditando-se que rezando-a com fé, tais feiticeiros não terão poder, em hora nenhuma, amém!
“Oração do Pelengrino,
quando Deus era
menino,
que andava pelo mundo
com sete candeias acesas
e sete livros a
ler:
feiticêro, mandinguêro, cabrujêro
catimbozêro e canjerista,
comigo
não tem poder!
Nem de dia, nem de noite
nem hora nenhuma, amém!”
Sua jaculatória completa diz: “Deus pode! Deus quer! Eu também quero e posso e faço enquanto quiser!” [1]
A origem do termo não é evidente e vem carregado de repulsa. Talvez o termo cabrujeiro possa estar corrompido: AULETE (1978) registra o verbete cabungueiro como: a) “indivíduo encarregado do despejo ou recolhimento de cabungos” (= penico, urinol, latrina); b) “sujeito porco ou desprezível” ... Aí estaria o sentido de opróbrio social aos praticantes? Outro possibilidade advém do termo popular cabreiro, ou seja, aquele que adota comportamento semelhante ao de um "cabra" (sujeito, pessoa interiorana desconfiada, que não revela sua verdadeira personalidade). Cabreiro equivale a dúbio, temeroso, dissimulado (conforme o contexto da narrativa. Talvez, porém, seja alteração de cabuleiro, praticante da cabula, religião mediúnica de matriz africana, origem banto, descrita no passado para o estado do Espírito Santo (CASCUDO, s/d), mas quiçá conhecida em outras paragens. Noutra possibilidade, Cascudo registra no seu dicionário o verbete ‘caborje’ no sentido de amuleto, patuá, mandinga defensora. Cabrujeiro poderia ser “caborjeiro”, o feiticeiro que prepara caborjes? Ou talvez, um pouco de todas esses sentidos...
De qualquer forma está implícito nesta oração a preocupação de se livrar dos encantadores, ao se enumerar vários estilos de práticas religiosas e exorcizá-las com palavras que apelam para o número cabalístico sete, símbolo da totalidade espiritual. A Oração do Peregrino visa abrir os caminhos dos empecilhos tramados pelos inimigos que trabalham na magia, com o mundo desconhecido, místico, espiritual, acreditando-se que rezando-a com fé, tais feiticeiros não terão poder, em hora nenhuma, amém!
| Face de Cristo simbolizando a toalha da Verônica. Detalhe de um cruzeiro. Largo da Cruz (Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno). São João del-Rei/MG, 2013. |
Referências
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário Brasileiro de Folclore. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d]. 930p.
AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Delta, 1978. 5v. 3998p.
Créditos
- Texto e fotografia: Ulisses Passarelli.
Notas
[1] Informante: sra. Elvira Andrade de Salles, Santa Cruz de Minas, 1995.
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