Conta-se que um rico homem sentia-se infeliz. Buscava conselheiros que lhe informassem como ser feliz, já que tinha tudo para ter uma boa vida mas vivia deprimido.
Certo dia foi ter com um sábio curandeiro, que lhe assegurou que bastava sair pelo mundo e quando achasse alguém feliz, trocasse de camisa com esta pessoa, o que decerto seria fácil, pois sempre vestia belas roupas.
E saiu pelos caminhos afora. Encontrou um homem e indagou-lhe: "_ és feliz? " a que ele respondeu: "_ sou não senhor, trabalho muito, tenho quase nada..."
Prosseguiu. Viu então uma cabana e ouviu entre batidas de machado, um homem cantarolando enquanto rachava lenha. Imaginou: "esse homem deve ser feliz. Morando nesta choupana, pobre, debaixo desse sol, fazendo serviço bruto e ainda cantando!"
Então começaram a conversar. Conversa vai, conversa vem (*), o nobre soltou a pergunta:
_ O senhor é feliz?
_ Sou muito, graças a Deus.
_ Então me faz um favor?
_ O que estiver ao meu alcance...
_ Troca de camisa comigo?
_ Ah... ôh, senhor, peça outra coisa que isto eu não posso!
E desabotoou o paletó mostrando o peito nu. Nunca tivera uma camisa em sua vida miserável mas virtuosa. O homem rico, cabisbaixo, entendendo a lição da vida, compadeceu-se e tirando sua própria camisa deu-a ao humilde trabalhador rural e assim descobriu que, o que de fato lhe faltava na vida, era a caridade e o temor a Deus.
Notas e Créditos
* Conversa vai, conversa vem: expressão popular para indicar diálogo prolongado sem chegar ao âmago da questão.
** Texto: Ulisses Passarelli
***Informante: Aluísio dos Santos, São João del-Rei, Centro, julho/1994.
Nenhum comentário:
Postar um comentário