O sabão de bola ou sabão-preto é um produto manufaturado, artesanal, feito em grandes tachos ou panelões que fervem
continuamente mexidos por longas colheres de pau .
A matéria-prima básica é gordura de origem animal (sebo)
ou vegetal (abacate), levando uma porção de "dicuada", assim chamada a cinza coada através de um pano sob a passagem
de água ou despejada e diluída num balaio revestido de folhas verdes de bananeira, amparando-se o produto num vasilhame. Alguns produtores incluem ramos de mané-turé (o mesmo que isopo) para o sabão espumar mais ao ser
usado. Eis a receita típica. Uma variante mais recente recicla óleo de cozinha usado e inclui soda cáustica. Neste caso só pode ser usado para limpeza de vasilhas na pia, impossibilitado o uso para banho.
Quando a receita está pronta alguns produtores despejam o sabão ainda derretido em formas produzindo barras ou tabletes, mas a tradição ensina que à temperatura adequada, se enrola manualmente em porções em forma de bola, do tamanho de uma laranja. Via de regra é envolto em palha de bananeira, apresentação como chega ao mercado.
A técnica é mantida desde o
tempo do trabalho servil. Ainda que grosseiro e sem perfume tem grande procura
para o banho, pois se acredita no seu poder de descarrego de males espirituais e na capacidade de limpeza da pele, removendo manchas, alergias, brotoejas, perebas, feridas,
impingem, seborreia, caspas.
Conhecido em toda região, teve contudo sua produção tão
acentuada em Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, distrito de São João del-Rei, que emprestou seu nome aos seus moradores como alcunha.
Quem nasce no Rio das Mortes é então cognominado “sabão de bola”...
Uma gamela contendo sabão de bola. Caquende (São João del-Rei/MG), 04/05/2014. |
Notas e Créditos
* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias: fogão: Ulisses Passarelli; sabão: Iago C.S. Passarelli
*** Para saber mais leia: INDÚSTRIA CASEIRA
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