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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

8º Encontro de Folias de Reis do Largo de São Francisco

Anteontem, 28 de dezembro, 19h e 30 min., do Largo de São Francisco (Praça Frei Orlando), no centro histórico de São João del-Rei / MG, ecoou mais uma vez a tradição reiseira pela voz dos mestres e folieiros, ao som de seus instrumentos musicais. 

Foi servido um farto lanche aos folieiros, num momento de congraçamento flagrado na fotografia abaixo.


Na abertura por Alzira Agostini Haddad, agradecimentos aos patrocinadores e apoiadores e as homenagens que prestou a algumas pessoas relevantes em nossa cultura, dentre as quais Antônio Emílio da Costa por merecido trabalho nos blogs difundindo os valores de São João del-Rei e John Sommers, baluarte das peças em estanho que ajudam a compor a imagem desta terra. A seguir dez grupos de folias de Reis se apresentaram num coreto especialmente armado, enfeitado e iluminado, na seguinte sequência: 


1ª- "Folia do Vavá", do distrito são-joanense de São Gonçalo do Amarante, com sua típica toada rural, sob o comando do folião e embaixador Lourival Amâncio de Paula, com o bandolim;


2ª- Folia "Embaixada de Reis do Bom Pastor",do folião e embaixador "Didinho" (Geraldo Domingos Resende), representando o Grande Matosinhos, cuja bela bandeira com registro pintado vê-se na imagem acima;


3ª- "Folia da Lilia", constituída por mulheres, sob o comando à sanfona da foliã Maria Inês dos Santos Zim, do Jardim São José, Bairro Tijuco;




4ª- "Folia do Carlão", que veio da Colônia do José Teodoro, área rural de São João del-Rei, com seu folião Carlos Leandro de Oliveira (acima, com a bandeira) e o embaixador Virgílio Moreira Sandim Filho, o "Virgilinho" (acima, com sanfona) e Afrânio Batista de Paiva, o "Fanico" (acima, com a viola);


5ª -"Folia Embaixada Santa", do Bairro Araçá, do folião e embaixador Luís Carlos Rosa, grande sanfoneiro, que se vê na foto acima portando sua toalha do Menino Jesus à cintura;


6ª- "Folia da Rua São João", do Bairro Tijuco, do folião e embaixador Antônio Ventura, do Bairro Tijuco, hábil sanfoneiro e empolgado cantador acima retratado;


7ª- "Folia das Águas Férreas", do folião e embaixador Geraldo Elói de Lacerda, do Bairro Tijuco, que teve em seu grupo um violino à guisa de rabeca, no lugar do acordeon;


8ª- "Folia Caminho da Salvação", de Juiz de Fora, Bairro Santa Efigênia, mestre Damião Anastácio, com meia dúzia de animados palhaços ou bastiões na dianteira;


9ª- "Folia Estrela de Belém", de Juiz de Fora, Bairro Teixeiras, mestre Cláudio Egídio, cuja foto acima, uma captura de imagem de vídeo tomada de cima do coreto, retrata o momento que um dos palhaços recitava versos da profecia;


10ª- "Folia do João Matias", do Bairro Guarda-mor, do folião e embaixador João Batista do Nascimento, nosso mais antigo folião, que está completando 90 anos e ainda se farda de bastião, como mostra a foto acima, além de tirar a cantoria quando não está nesta função. 


Portanto, oito grupos de São João del-Rei e dois visitantes de Juiz de Fora. Antes destas duas cantarem, foi oportuno apresentar também a cantoria de dois embaixadores: Antônio Francisco dos Santos, de Barroso, ao violão, e Luthero Castorino da Silva, de São João del-Rei, ao acordeon, irmãos, fazendo breve cantoria de homenagem aos foliões falecidos, como se vê na fotografia seguinte. Luthero é fundador e presidente da Associação dos Agentes Culturais das Vertentes, que reúne os congados e folias. 



O público manteve-se fiel e participativo até o final do evento e São Pedro também cooperou bastante segurando a chuva que por várias vezes ameaçou presença. 

Público do 8º Encontro de Folias de Reis no Largo de São Francisco.

A oportunidade foi interessante na demonstração da diferença cultural das folias das Vertentes representadas pelos grupos são-joanenses e pelas da Zona da Mata, representadas pelas de Juiz de Fora. Forma de se apresentar, vestir, ritmo, melodia, trabalho dos numerosos e espantosos palhaços... enfim, tudo diferente das nossas, mas unidas no mesmo espírito de irmandade, rituais básicos e objetivos. Aliás, por falar em palhaços, eles foram uma atração à parte, mesclando o belo e o horrendo, o colorido e o sombrio, figuras exotéricas, parecem espíritos ancestrais materializados em cores, máscaras e movimentos. Suas máscaras são verdadeiras obras de arte, onde se observa uma imensa criatividade e capacidade de reciclagem de materiais. 


O encerramento se deu com palavras elogiosas e entusiasmadas do violeiro e artista Chico Lobo, que durante anos tem trabalhado na valorização de nossa cultura de raiz. 

Violeiro Chico Lobo (à esq.), Mestre João Matias (centro) e Alzira Haddad. 

Toda a forma como os grupos foram tratados demonstrou respeito e valorização dessa tradição tão arraigada a esta terra. Sob boa organização e planejamento o evento leva a marca da Atitude Cultural, sua realizadora, com grande esforço das irmãs Alzira e Eliane, contando o encontro com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer.

* Texto: Ulisses Passarelli
* Fotos: Iago C.S. Passarelli, 28/12/2013

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