Para matar a saudade de muitos e registrar cenas da EFOM (Estrada de Ferro Oeste de Minas) quando ainda estava em atividade a Linha do Sertão, posto a seguir quatro fotos de álbum familiar, transmitidas por meu pai, David Passarelli, tiradas na estação ferroviária de Nazareno / MG em 1976.
As locomotivas cortavam toda a região das Vertentes e cercanias. Acompanhavam o vale do Rio das Mortes, levando e trazendo produtos e passageiros, cultura, emprego, notícias, esperança, num serpenteio entre paisagens estupendas das vargens fluviais.
O jeito de apitar era uma característica de cada maquinista e o tom característico de cada locomotiva gerava um código sonoro de sinais legitimamente folclórico, posto que passava de geração em geração informalmente e sujeito à criatividade do trabalhador. O povo da beira da linha conhecia muito bem esses sons, interpretava o seu significado e até identificava qual maquinista vinha chegando. Folk-comunicação? Certamente.
Os moços do trolley envergavam varas flexíveis que impulsionavam o rude veículo carregador de fardos, ferramentas, marmitas. Beira-linha os conservas aguardavam. Nos trens iam referências do progresso que a máquina a vapor tinha trazido para os sertões; na fumaça esvaía-se a saudade, de cumpadres e familiares que chegavam para visitas e festas. Nas estações se trabalhava pelo pão de cada dia. Sitiantes plantavam e criavam, despachando sua produção no trenzinho. Ele movia a economia.
Mas o Chefe da Estação não acena mais suas bandeiras. O sino da plataforma calou-se. O apito sumiu nas agruras do tempo. Os trilhos foram erradicados. As estações se arruinaram em sua maioria. Agora é só asfalto onde os acidentes se multiplicam. A Maria Fumaça, que tem a cara de Minas Gerais (ou é o contrário?) é uma saudade contínua... que gera um protesto eterno contra a lamentável degradação dos trilhos. A desgraça só não é maior porque sobrou-nos um trecho até Tiradentes. Fica a lição da história e o lamento de tantos e tantos que entendem e sentem o que significava o "trem de ferro".
* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias: David Passarelli
*** Leia mais sobre a Estrada de Ferro Oeste de Minas clicando nos seguintes links:
Ferrovias
A Chegada da Maria Fumaça
Notas e Créditos
* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias: David Passarelli
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