Dos primeiros cem anos de festas religiosas e populares em Matosinhos pouco se sabe. As notícias são exíguas, lacônicas e esparsas. Traçar um panorama é portanto tarefa ingrata e pouco fidedigna.
Só com o surgimento do importante jornal Arauto de Minas, em 1877 é que se encontram notícias mais completas e frequentes acerca das festividades em questão. E a divulgação pela imprensa da época prossegue também noutros jornais antigos e pode ser rastreada até quase cinquenta anos adiante.
Graças a isso foi possível compreender a evolução dos festejos e constatar que as três ou quatro últimas décadas do século XIX, devem ter constituído aproximadamente a sua fase áurea. A parte religiosa era bem desenvolvida e se dava a ela sempre grande destaque. Centralizava os festejos. Gravitando ao seu redor as atrações populares se baseavam em manifestações folclóricas, música de bandas e orquestras, espetáculos pirotécnicos, quermesses, leilões, iluminação atrativa, enfim, predominava o aspecto comunitário, o ambiente familiar, a alegria espontânea.
Obviamente que um grau de grande organização e de estabilidade do programa festivo como esse em questão, não surge do dia para a noite. É o resultado de um longo trabalho vindo de décadas anteriores.
Contudo essa estabilidade se viu ameaçada pela invasão dos jogos de azar, a princípio lenta depois célere. As bancas de jogos dominaram o largo, espantando todos os divertimentos tradicionais. A imprensa demonstrou que nos primeiros anos do século XX a parte religiosa estava tênue e era apenas o pretexto que atraía a população, que realmente se interessava pelas apostas na roleta, jaburu, pavuna, dados, etc. O ar bucólico desaparecera na entrada dos anos vinte. A festa então era mais aristocrática que nunca ...
* Texto: Ulisses Passarelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário